Os Sete Rituais Sagrados


Preservando o Espírito
Este foi o primeiro ritual revelado pela Mulher Novilha de Búfalo
Branco. Consiste da purificação do espírito de um ser amado que morreu
para que ele possa retornar ao Grande Mistério. A segunda parte do
ritual acontece um ano após a morte, quando os bens e pertences do
morto são doados aos seus amigos, escolhidos pelo seu herdeiro natural.
Cada bem entregue auxilia no processo de libertação da alma para
sua jornada de volta ao seio do Grande Mistério, ao mesmo tempo em
que ensina sobre o desapego, não-materialismo, promove a reutilização
dos pertences e também serve para relembrar, uma maneira de honrar o
amigo ou parente que partiu.
Hoje, depois de ter sido proibido pelo governo americano em 1890,
por influência dos missionários cristãos, este ritual foi transformado na
Cerimônia da Doação.
Cerimônia da Doação
O objetivo principal é fazer com que as pessoas trabalhem o
desapego das coisas materiais. Este ritual exige a entrega, sem restrições,
de algum objeto de seu uso pessoal ou ao qual você está ligado por
supostos laços afetivos.
Ao fazer a doação trabalha-se a perda e abre-se espaço para que
algo novo possa chegar. Não é para se desvencilhar de coisas velhas e
inúteis, mas algo que precisamos liberar energeticamente a fim de não
ficarmos presos a um ponto, impedindo o desenvolvimento de outros e a
distribuição das bênçãos que recebemos diariamente do Grande Espírito
Sauna Sagrada,
Purificando o Próprio Self
Para a celebração deste ritual é montada uma cabana que lembra,
pela sua estrutura, o útero da Mãe Terra. No centro da cabana é feito um
buraco onde as pedras aquecidas são colocadas. A construção da cabana
é feita com varetas que representam os 16 mistérios da Criação e é
coberta de modo a se tornar bem escura no seu interior.
Em seguida é montada a fogueira onde são colocadas as pedras.
Depois de acender o Fogo sagrado, o condutor da cerimônia enche o
Cachimbo, saudando e invocando o Grande Espírito, a Mãe Terra, cada
uma das Quatro Direções, seus totens, qualidades e energias. Enquanto
as pedras aquecem, histórias são partilhadas e orações começam a ser
mentalizadas pelos participantes.
Quando as pedras estão aquecidas, todos entram na cabana, para
onde elas são levadas. A cerimônia é dividida em quatro etapas,
começando pelo Oeste. Em seguida são honradas as demais direções
com oferendas de cânticos, incensos, preces e pedidos de cada um dos
participantes. Encerrado o ritual, o Cachimbo Sagrado é então
compartilhado por todos, de acordo com os ensinamentos da tradição.
Este é um dos mais poderosos rituais de cura, trabalhando todos os
níveis do ser humano. É uma experiência que nunca se repete, embora a
estrutura da cerimônia se mantenha. Dentro da cabana, voltamos ao
útero da Mãe Terra para nos purificarmos e renascermos, deixando ali
tudo que está desgastado e velho para nós. Ali também nos reintegramos
ao ecossistema, pela doação do nosso sangue (suor) à Natureza. O vapor
que se forma dentro da cabana pela colocação de água sobre as pedras
quentes é interpretado como a respiração do Grande Espírito, que tem o
poder curativo para purificar e limpar nosso corpo físico, emoções,
mente e espírito.
Inipi, o Ritual de Purificação
Há muito tempo, na era do sonho da Criação, depois que o Grande
Espírito mandou a Mulher Novilha de Búfalo Branco entregar ao povo
Lakota o Cachimbo Sagrado que Ele próprio esculpiu em pedra, Kanka,
a velha feiticeira do Norte, Senhora dos Sonhos e das Revelações, trouxe
os ensinamentos para a celebração do Inipi — um ritual de purificação e
cura, transformação, morte e renascimento.
Esta cerimônia faz a conexão entre tudo o que existe. Ela é a ponte
de ligação com o caminho de volta aos braços carinhosos e protetores do
Criador e aos ensinamentos sagrados. Durante a cerimônia os quatro
espíritos elementais compartilham com o humano a recriação no útero
da Mãe Terra... No interior da cabana, onde nos purificamos,
recuperamos o equilíbrio e recebemos um novo dom da vida. Este é um
instante de ação de graças.
Quando Kanka trouxe o Inipi para os homens e mulheres ainda nos
tempos imemoriais, ela ensinou que a purificação dos nossos corpos
ajuda a nos aproximarmos dos nossos irmãos e irmãs, a curar nossa
raiva, ira, ódio, medos e todas as coisas que impedem a nossa unidade e
propósito de sermos um com o Uno. Assim, perdoar e entender o outro
(que somos nós mesmos em outra pele) é um princípio básico de todas as
relações: é preciso se aceitar e respeitar a individualidade de cada ser.
Na escuridão da cabana, as pessoas olham para as sombras do seu
interior e procuram se reconhecer e, conectar com os aspectos de sua
vida que precisam ser purificados. Identificadas as coisas, inclusive
sentimentos e pensamentos, que são barreiras para o crescimento,
gentilmente a pessoa remove estes impedimentos e permite que a
nutrição oferecida pela Mãe Terra naquele momento lhe preencha e o
Amor que emana do Grande Espírito lhe inunde o coração e, de coração
aberto, dê suporte a si mesmo, inclusive perdoando-se.
Quando as pedras que se doaram para o ritual são colocadas na
fogueira do Fogo Sagrado, oferendas são feitas às quatro Direções, a
Wakan Tanka, Tunkasila e Ina Maka e o Cachimbo Sagrado é cheio.
A porta da cabana é feita de uma forma que as pessoas para
entrarem têm de ficar de gatinhas, trazendo à consciência o fato de que
precisam ser humildes. Entrar na cabana é se dispor a entender o
propósito da vida e admitir que se precisa de ajuda e, enfim, descobrir
que nunca estamos sós.
Quando saem, as pessoas estão renovadas. É como renascer e
poder olhar a vida e o mundo com novos olhos, novo coração e novas
verdades.
"Hecht etu aloh! Mitakuye Oyasin!"
Hanbleceya Cetan Ahpo.
Busca da Visão
Esta e uma experiência individual e isolada. A pessoa é levada por
um xamã e colocada no alto de uma montanha ou em um local
totalmente isolado, sempre na natureza, onde não haja possibilidade de
contato com outros humanos enquanto durar a iniciação, que varia de
um a quatro dias. Neste período, normalmente a pessoa não come nem
bebe água, mas algumas tradições permitem a ingestão parcimoniosa de
sementes ou de sopa de bolota de carvalho.
O objetivo é colocar o buscador diante do Grande Mistério. Só e
isolado, ele ora pedindo a visão. Na Busca, ele é despertado e fica alerta,
consciente, observador, atento a todos os seus sentidos e pronto para o
contato com o Poder Supremo que se coloca ali ao seu redor ou no seu
interior. A visão, no mais das vezes, acontece em forma de insight.
Dança do Sol
Esta é uma cerimônia de gratidão. A Dança do Sol acontece
anualmente, quando a tribo se junta para mostrarão Grande Espírito o
seu agradecimento por tudo que o Criador tem dado ao povo. A Dança
também é realizada para exprimir a unidade da tribo, a paz, poder e
energia pela honra e gratidão manifestada ao Criador.
A Dança do Sol não significa que os índios estejam cultuando o Sol
como o centro da sua cosmogonia, mas a Sabedoria ensina que ele foi
colocado no Universo pelo Grande Espírito para que o povo possa viver,
desde quando a vida floresce do Fogo, do Sol. Assim, este Avô é
reconhecido na cerimônia que, acima de tudo, é uma manifestação de
gratidão ao Ser Supremo.
O ritual foi proibido pelo governo dos EUA, em 1890, também para
atender aos missionários cristãos que consideravam os costumes nativos
como cultos pagãos que deviam ser erradicados. Ele dura quatro dias e,
no passado, acontecia depois da caçada de búfalos, no Verão, que
garantia a provisão de carne e peles para o Inverno. Voltou a ser
praticado em 1941.
Atualmente ocorre nos meses de julho ou agosto, começando em
uma quinta-feira e terminando no domingo. Cada Dança tem um chefe
que supervisiona a montagem do tipi (cabana) onde os dançarinos se
vestem e preparam a construção das cabanas para a Sauna Sagrada, além
de tomar todas as decisões em relação ao desenvolvimento da cerimônia,
e usualmente é escolhido entre os xamãs ou os maiores conhecedores das
tradições.
Fazendo Parentes
O objetivo deste ritual é criar laços sangüíneos entre duas ou mais
pessoas, é criar uma nova forma de relacionamento entre aqueles amigos
presentes em todos os momentos e situações. São aqueles parceiros
generosos que compartilham não só sentimentos, mas também coisas
materiais e tudo que é preciso para dar suporte ao outro e às suas
necessidades.
Este ritual se inspira em três ideais de paz: paz de espírito para
aqueles que vivem as suas relações de acordo com o movimento do
Universo e honrando o Criador; paz entre duas pessoas que reconhecem
o parentesco entre todos os seres, independentemente dos laços
familiares; paz entre as nações, porque todos os seus membros são filhos
do mesmo Criador.
A cerimônia é encerrada com a troca de presentes entre as pessoas
que se tornaram parentes consangüíneos (coisas que tenham significado
do sagrado pessoal para cada um), enquanto o Cachimbo é
compartilhado com os convidados.
Chamando o espírito
Esta é uma cerimônia realizada para a cura ou para encontrar
pessoas desaparecidas. Contudo, também pode ser urna celebração de
ação de graças por alguém que ultrapassou uma doença considerada
incurável.
Neste ritual, o curador é literalmente enrolado em um cobertor que
depois é amarrado em uma área quadrada no centro de uma sala escura.
Ali ele canta canções de invocação acompanhado pelo ritmo de um
tambor. A sua atuação é semelhante à de um médium, e os seres
espirituais se manifestam em formas de luzes azuis e azuis-esverdeadas
que piscam no ambiente.
Esta é uma das maneiras de se conseguir ajuda dos zeladores do
Planeta, sobretudo daqueles guias que se apresentaram ao xamã na sua
Busca de Visão.

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